Em uma semana, já são mais de 130 os palestinos mortos, sendo 27 crianças e 11 pessoas de uma mesma família; em Israel, os mortos chegam a 5. Quem está se defendendo de quem?
Quem lê ou ouve as notícias que desde o dia 14 relatam a explosão de violência na Faixa de Gaza pode ficar um pouco confuso. O principal mote, “Israel tem o direito de se defender”, é repetido acriticamente por todos os meios de comunicação. Para o presidente estadunidense, “nenhum país na Terra toleraria mísseis chovendo sobre seus cidadãos”, enquanto o ministro do exterior britânico afirma que o Hamas tem a “principal responsabilidade” pela violência. Enquanto isso, a mídia repete a ladainha de que Israel apenas está respondendo a ataques feitos pelo Hamas.
Não é bem assim.
Se examinarmos com mais cuidado os eventos ocorridos nos
últimos meses, vemos que Israel teve um papel predominante na atual escalada de
violência. Desde outubro diversos incidentes vêm ocorrendo – embora a mídia
ocidental não os divulgue, pois a morte a conta-gotas e diária de dezenas de
palestinos não chama tanto a atenção como a morte de três israelenses num
ataque com morteiros. Apenas nos últimos dias de outubro e na primeira quinzena
de novembro (antes, porém, do reinício dos ataques palestinos contra Israel),
pode-se relatar:
• o assassinato de 15 militantes palestinos em ataque aéreo
no final de outubro;
• o assassinato de um garoto de 13 anos numa incursão
israelense no início de novembro;
• o assassinato extrajudicial do líder Ahmed Jabari, durante
um cessar-fogo em 14 de novembro (o próprio Jabari era um dos principais
negociadores palestinos de um acordo com Israel).
A questão central, no entanto, é a permanência da ocupação,
que parece não ser vista como uma violência pela mídia e pelos governantes
ocidentais. De fato, desde o início de 2012 (até o dia 13/11), foram mortos 78 palestinos pelas
forças israelenses - no mesmo período, 1 israelense perdeu a vida devido a ataques
palestinos. Além disso, em nenhum momento foram interrompidas as construções
de novas colônias judaicas em território palestino, em flagrante desrespeito
aos acordos anteriormente assinados por Israel.
Ao que tudo indica, a recente escalada de violência foi uma
ação deliberada do primeiro-ministro israelense, tendo em mente alguns
objetivos:
• alcançar unidade nacional diante de um “terrível inimigo
externo”;
• o desejo de testar a determinação do novo presidente
egípcio, Muhammad Morsi;
• a chance de destruir a infraestrutura balística do Hamas e
de testar seu próprio escudo antimísseis.
Israel é a vítima?
Retratar Israel como a vítima de ataques externos é uma
clamorosa inversão da realidade. Há 45 anos Israel vem ocupando ilegalmente as
terras palestinas, e é conhecido e respeitado o direito de todo o povo de se
defender de ocupações estrangeiras – ninguém em sã consciência apoiaria a
ocupação nazista da França ou a ocupação japonesa da China. E certamente se fôssemos
invadidos pela Argentina, nos sentiríamos no direito de reagir.
Embora Israel tenha se retirado da Faixa de Gaza em 2005, a
ocupação continua (como reconhece a ONU). Israel controla as fronteiras terrestres
e marinhas, as águas territoriais e os recursos naturais, o espaço aéreo, o
fornecimento de energia e as telecomunicações. A região está bloqueada desde
2007, quando o Hamas tomou o poder, obstaculizando o movimento de pessoas e
suprimentos para a Faixa de Gaza. Além disso, o restante da Palestina (a
Cisjordânia) continua sob ocupação israelense, e a via não violenta para a solução
do conflito, adotada pelo Fatah (que controla esta região) não vem trazendo
qualquer resultado positivo para os palestinos.
A verdade é simples e objetiva: Israel é o agressor; os
palestinos têm o direito de se defender e lutar por sua autodeterminação.
2 comentários:
Talvez a gente possa citar também como objetivo do conflito a potencial comercialização do novo sistema de defesa de Israel (o iron dome). A empresa Rafael Advanced Defense Systems LTD., conforme informação do próprio site deles, apesar de ser uma atividade empresarial de natureza privada é incorporada ao Ministério de Defesa de Israel, de modo que meia dúzia de ataques que provassem a eficácia do material poderiam se tornar um fator realmente lucrativo.
Desde 1967, é claramente visível a vontade israelense de tomar todo o território palestino. Não importando os meios, como diria maquiavel. Os
acontecimentos anteriores a canetada da ONU, os massacres em Deyr Yassin
e outros, demonstram os métodos que ainda hoje são utilizados pelos sionistas.
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