Sarkozy toma a inicitaiva

Ocorreu neste domingo (13/jul), em Paris, o novo lançamento da União pelo Mediterrâneo, treze anos após uma primeira tentativa, ocorrida em Barcelona, que se revelou fracassada. O novo fórum une as 27 nações da Comunidade Européia aos Estados árabes do Oriente Próximo e aos países árabe-berberes do norte da África, num total de 43 nações, representando 756 milhões de pessoas. A princípio, foram celebrados acordos modestos, visando a despoluição das águas do Mediterrâneo, a melhoria das rotas navais e o desenvolvimento de energias alternativas – especialmente solar.
O principal significado do encontro, porém, foram os aspectos relacionados ao processo de paz no Oriente Médio – neste sentido, o presidente sírio Bashar al-Asad soube capitalizar as atenções, celebrando o estabelecimento de relações diplomáticas com o Líbano, com a abertura de embaixadas nas capitais pela primeira vez desde a independência de ambos os países, em 1942. Foi igualmente importante a presença simultânea dos representantes sírio e israelense na mesma mesa, indicando o início de uma distensão que poderia levar a um processo efetivo e permanente de paz entre os dois países (que atualmente vêm participando de negociações indiretas por meio da Turquia).
O encontro demonstra ainda a vontade do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de aproveitar a virtual incapacidade de agir do presidente estadunidense (e a própria decadência econômico-militar dos EUA) para tomar a iniciativa na condução de um processo de paz abrangente e definitivo para o Oriente Médio. Lembra-se que os interesses franceses, e europeus em geral, estão bastante ligados aos destinos do Oriente Próximo, tanto no que diz respeito às conexões históricas, como nos aspectos mais candentes da atualidade, tais como imigração, terrorismo e inflação. Sarkozy, aproximando-se dos dirigentes árabes, busca uma via distinta da que vem sendo empreendida pelas potências ocidentais após setembro de 2001 (a da confrontação), indicando que cabe à Europa o papel de liderança na busca de uma nova ordenação multilateral da geopolítica global, deixando-se de lado o discurso rejeicionista, fundamentalista e militarista do presidente estadunidense e seus asseclas.

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