Imigração libanesa para o Brasil: um breve histórico

Há 125 anos, começavam a chegar ao Brasil os primeiros imigrantes procedentes das regiões árabes do Império Otomano – especialmente libaneses e sírios, que fugiam à falta de perspectivas econômicas e à dominação política turco-otomana (e depois francesa). Apesar de nunca terem sido estimulados oficialmente a vir para o Brasil, esses imigrantes, a princípio estranhados pelos brasileiros, logo viriam a se constituir numa das mais importantes etnias a compor o caldeirão étnico brasileiro, passando a ser respeitados e admirados por sua dedicação à família e ao trabalho.
E não foram poucos os imigrantes árabes que chegaram ao Brasil nestes últimos 125 anos - especialmente os procedentes do Líbano, marcado economicamente pela baixa produtividade agrícola e industrial, e politicamente pela dominação estrangeira e pelas divisões internas, fazendo com que fossem constantes os fluxos de imigrantes em direção à América.
Chegados ao Brasil, encontraram um ambiente propício para se desenvolver econômica e socialmente, pois o país atravessava a sua primeira fase de urbanização e industrialização, iniciada na segunda metade do século XIX. Desvinculados da imigração oficial, que dirigia os imigrantes europeus às lavouras do interior paulista e dos estados do sul, os imigrantes libaneses tiveram que procurar apoio na rede de familiares já estabelecida no país, ligando-se aos ofícios urbanos e comerciais – sobretudo o de mascate, ocupação importante num país ainda essencialmente rural. O próprio sucesso dos pioneiros estimulou o subseqüente processo migratório, pois aqueles que conseguiam se estabelecer chamavam seus parentes e amigos para que também viessem tentar a sorte no Brasil, formando uma corrente volumosa de imigrantes que se estendeu dos anos 1880 até o presente, com breves períodos de interrupção (especialmente durante as guerras mundiais).
Os imigrantes libaneses acabaram por integrar-se plenamente à sociedade brasileira, e já na segunda geração se tornaram parte da liderança política, cultural e econômica nacional. Hoje, seus descendentes espalham-se por todas as regiões do país, e estão inseridos em todos os ramos da atividade econômica e cultural.
Sendo o país com a maior quantidade de libaneses em todo o mundo (e, considerando-se os descendentes, contando com o dobro da população do próprio Líbano), o Brasil tem um papel fundamental para aquele país. Em primeiro lugar, é necessário considerar a grande quantidade de recursos enviada à pátria-mãe pelas centenas de milhares de imigrantes – que possibilitou a construção de hospitais, escolas, bibliotecas e avenidas em quase todas as cidades e vilas do Líbano. Além disso, a cada dia o Brasil torna-se um parceiro econômico mais importante para o Líbano, o que pode ser comprovado pela recente viagem do presidente Luís Inácio Lula da Silva ao país – a primeira realizada por um presidente brasileiro.
Mais importante do que os aspectos econômicos, porém, é a influência que o caráter pacífico dos libaneses no Brasil pode ter sobre aqueles que permaneceram no país natal, pois embora as diferenças de credo religioso ou posicionamento político possam por vezes esfriar certas relações, a pacífica convivência inter-religiosa entre a grande maioria dos imigrantes libaneses é algo que deve servir de exemplo para o próprio Líbano. O Brasil, sendo por excelência um país receptor de imigrantes, e tendo construído sua força na diversidade das origens de sua população, recebeu a todos de braços abertos e praticamente sem distinções. Aqui, somos todos libaneses – ou, no dizer dos irmãos brasileiros, “turcos”...
[março de 2005]

Referência do artigo: GATTAZ, A.C. Imigração Libanesa para o Brasil. In: Brasil. Ministério das Comunicações. Correios. Imigração Libanesa para o Brasil (Emissão Especial). Disponível em: http://www.correios.com.br/selos/selos_postais/selos_2005/selos2005_03.cfm

Nenhum comentário: